Acervo 1 – Frasco de vidro
Talvez alguns entre nós conheçam o produto que era armazenado neste frasco de vidro. Não faz muito tempo que ainda circulavam alguns desses pelas farmácias e vendas de secos e molhados. O frasco encontrado durante pesquisa arqueológica na Fortaleza de São José da Ponta Grossa armazenava creolina, um desinfetante com efeito antisséptico e germicida, utilizado desde o final do século XIX. Sabemos que este tipo de produto era fabricado na Europa e nos Estados Unidos, sendo importado para o Brasil. Segue em uso atualmente para aplicações veterinárias.
Artefatos em vidro compõem importante parcela dos materiais arqueológicos coletados na Fortaleza. Há aqueles relacionados ao serviço de mesa, como cálices e canecos, além de garrafas de bebidas, tinteiros e remédios. Devido à fragilidade deste tipo de material, muitas vezes os arqueólogos contam apenas com fragmentos para obter informações, e mesmo assim, muito é revelado.
Em pesquisa recente dedicada ao material da Fortaleza de São José da Ponta Grossa, a arqueóloga Ana Cristina Sampaio identificou uma considerável diversidade de garrafas de vidro, fabricadas por meio de diferentes técnicas em uso durante os séculos XVIII e XIX. Muitas garrafas apresentam cor escura, apropriada para a conservação de vinhos, licores e outras bebidas, e indicam uma origem europeia. Mas também são encontrados frascos de vidros transparentes provavelmente manufaturados no Brasil e com características industriais. Eles remetem a um contexto do século XX, momento em que a Fortaleza passou por um período de abandono e o descarte de lixo doméstico ocorria no local.
A diversidade de materiais arqueológicos coletados na pesquisa em Ponta Grossa é ampla. Ao lado de louças, grés, cerâmicas, moedas, cachimbos e vestígios ósseos de animais, os artefatos em vidro estão relacionados ao cotidiano das pessoas que habitavam o local. Materiais construtivos também estão presentes em grande quantidade, dentre eles pregos, cravos, ferragens, telhas e tijolos. Ademais, encontramos aqueles relacionados à função militar, como munições de chumbo, pederneiras e bolas de canhão, acompanhadas por artefatos que compunham o vestuário de soldados e oficiais, como botões, fivelas de cintos e sapatos. Estima-se que um total de 30.000 peças e fragmentos arqueológicos tenham sido coletados durante a pesquisa.
Vamos retomar a história da Fortaleza de São José de Ponta Grossa e o desenvolvimento das pesquisas arqueológicas nas próximas publicações, então continue nos acompanhando.
Para saber mais, sugerimos o acesso aos seguintes materiais:
Para além das muralhas: dos fragmentos ao monumento: Fortaleza de São José da Ponta Grossa, catálogo coordenado por Ana Cristina de Oliveira Sampaio e Bruno Labrador Rodrigues.
Arqueologia das fortificações: perspectivas, publicação de Fernanda Codevilla Soares e colaboradores.
A Pesquisa Arqueológica do Sítio Histórico São José da Ponta Grossa. Anais do Museu de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina, artigo da Arqueológa Teresa Fossari e colaboradores, publicado nos anais do Museu de 1992.