Acervo 2 – Urna Funerária

 

Fotografia de uma urna funerária de cerâmica corrugada encaixada na cavidade cilíndrica de expositor de acrílico transparente. Na lateral inferior da urna, apresentam-se vários fragmentos cerâmicos que aparentam terem sido encaixados e colados. Há também, um buraco que denuncia a ausência de um fragmento cerâmico que completaria a urna.

 

Como vimos na postagem sobre o fragmento pintado, a cerâmica era algo extremamente importante para os grupos Guarani e sua fabricação uma atividade exclusivamente feminina, inclusive, pesquisas arqueológicas revelam áreas nos sítios dedicadas unicamente para esta função.

Mas se os recipientes cerâmicos serviam para transportar, armazenar, cozinhar e servir bebidas e alimentos, o que podemos pensar quando arqueólogos encontram grandes recipientes contendo ossos humanos dentro? A urna funerária que aparece na imagem foi encontrada durante a escavação do sítio Lagoinha do Rio Tavares I juntamente com fragmentos de outro recipiente que, de acordo com o pesquisador, teria sido colocado por cima da urna funerária. Dentro da urna poucos ossos dos membros inferiores, sendo a maioria formada por fragmentos.

Os grandes recipientes cerâmicos utilitários, os yapepós e os cambuchís, eram muitas vezes reaproveitados como urnas funerárias. Após a morte, o corpo era colocado dentro da urna (sepultamento primário); ou os ossos eram reunidos em uma urna funerária (sepultamento secundário). Em alguns casos os mortos eram acompanhados com objetos de adorno como contas, tembetás, dentes de animais, além de objetos de uso cotidiano como machados de pedra. Entretanto, havia sepultamentos primários realizados diretamente no solo com o corpo estendido e vasilhas cerâmicas cobrindo parte do corpo. Algumas pesquisas informam a existência de sepultamentos primários em que o indivíduo foi colocado acocorado e com uma vasilha cerâmica emborcada na cabeça, possivelmente alguma amarração foi utilizada para que o corpo ficasse nesta posição, mas que, infelizmente se decompôs e não deixou vestígios a olho nu.

Mas em que local e/ou locais as pessoas eram sepultadas? As informações revelam que poderiam estar tanto na aldeia como em áreas externas a ela, porém, mais pesquisas devem ser realizadas para aprofundar este tema.

Dados do Acervo: Urna funerária –  sítio Lagoinha do Rio Tavares I, sul da Ilha de Santa Catarina, pesquisa Piazza, 1964/1965 (Medidas: 52,0cm x 52,0cm). Acervo do MArquE.